Por excelência, o deserto é o lugar do silêncio.
E por isso mesmo é o espaço perfeito para interiorização, contemplação, meditação e renúncia. Aridez, ausência de sombras, de descanso, o vazio... No deserto tudo é mais intenso. Momentos ruims, onde tudo foge do controle e nada parece dar certo chamamos de "nosso deserto". E isso com toda propriedade. Nossas dificuldades nos submetem a um lugar vazio e árido, como um deserto mesmo! É nesse exato momento em que o calar-se traduz o isolamento consciente, e o silêncio aponta uma saída: a revelação de nós mesmos. Se analisarmos a passagem de Jesus pelo deserto, vemos claramente o seu propósito: busca de Deus, renúncia de si mesmo, preparação para uma batalha espiritual sem precedentes: o seu próprio sacrifício. A preparação de toda uma vida não fora suficiente, havia necessidade de aprimoramento: a resistência, em todos os sentidos: no corpo (a fome), na alma (as tentações do mundo), no espírito (a convicção do seu propósito divino). Há um propósito em todas as coisas. Esta é uma verdade para os que crêem na escrituras sagradas. Se assim acreditamos, podemos traduzir nossas dificuldades em "visitas ao deserto", onde poderemos ser treinados, aprimorados, testados e aprovados. E o silêncio, representado pela ausência de domínio das circunstâncias, possa ser o nosso "oásis", o lugar onde nos refazemos e buscamos forças para continuarmos nosso caminho. Temos o deserto em nós, mas também temos o silêncio desse deserto. Temos a renúncia no silêncio. Temos a libertação quando mergulhamos no silêncio do deserto e nos descobrimos FORTES E VITORIOSOS. Deserto, a circunstância. Silêncio, dimensão real.
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