ESCOLHO MEUS AMIGOS PELA PUPILA

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a “normalidade” é uma ilusão imbecil e estéril. (Oscar Wilde)

SEM PALAVRAS


A vida inteira busquei
explicações e deciframentos:
encontrei silêncio e segredo,
às vezes o conforto de um ombro,
outras vezes... dor.
No último lapso de um tempo sem limites
embora a gente o queira compor em fragmentos,
abriram-se as águas
e entrei onde sempre estivera.
Tudo compreendido e absolvido,
absorta eu me tornei
luz sem sombra: assombro.
LIA LUFT


QUE O PERDÃO PERDOE

Que a vida ensine que tão 
ou mais difícil do que ter razão, 
é saber tê-la.
Que o abraço abrace.
Que o perdão perdoe.
Que tudo vire verbo e verbe.
Verde. Como a esperança.
Pois, do jeito que o mundo vai,
dá vontade de apagar 
e começar tudo de novo.
Artur da Távola

PERDOAR É AMAR

Aprendi outro dia que perdoar é a junção de “PER” com “DOAR”. Doar é muito mais do que dar. Doar é a entrega total ao outro. Etimológicamente falando, o prefixo “PER” tem várias acepções, indica movimento no sentido “DE” ou em “DIREÇÃO” a, ou “ATRAVÉS” ou “PARA”. Portanto, perdoar, quer dizer doar amor ao ofensor e que ele, arrependido pela ofensa possa também amar, possa doar-se. Não apenas quem perdoa é que se “doa através do outro”. O outro também se livra de uma culpa a mais. Perdoar implica abrir possibilidades de amor para quem foi perdoado, através da doação de amor por quem foi agravado. Perdoar é a única forma de facilitar a si e ao outro, a própria salvação. Doar é mais do que dar: é uma entrega total.
Perdoar é doar o amor, é permitir que a pessoa objeto do perdão possa (também) devolver um amor que, até então, só negara. Doar amor através do ofensor, eis o cerne da revolução cristã. Eu disse revolução.
Artur da Távola

PRESERVE SUA FAMÍLIA

Você já parou algum dia para pensar como funciona uma colméia? Já se deu conta de que nela tudo é ordem, disciplina, preocupação pelo todo?
A colméia é formada por células de cera, que se contam aos milhares. Em algumas dessas células existem ovos ou larvas de abelha. Outras servem como depósitos de pólen e de mel. Essas são os favos de mel.
Numa colméia podem existir até 70 mil abelhas, que exercem diferentes funções. As operárias são as que alimentam as larvas, cuidam da colméia, trazem comida para todos os habitantes da comunidade. Elas começam como faxineiras, limpando as células onde estão os ovos. Depois produzem a geléia real que serve para alimentar as abelhas mais jovens e a rainha. Também trabalham como babás alimentando as abelhinhas mais crescidas com pólen e mel. Com dez dias de vida elas se tornam construtoras. Começam a produzir cera, que lhes permite construir e remendar as células da colméia. A rainha tem como tarefa botar ovos, dos quais sairão as operárias, os zangões e as novas rainhas. No verão chega a botar em um só dia 1.500 ovos. O zangão, desde que nasce, tem por tarefa a procriação com a rainha. Depois morre.

TUDO NA COLMÉIA REFLETE ORDEM E EQUILÍBRIO
As operárias são também as que saem da colméia para buscar a matéria prima de que necessitam. Estranhamente, elas nunca se enganam no caminho de volta para casa, para onde retornam com sua preciosa carga. Embora sua vida seja curta, de cinco semanas apenas, elas não se cansam de trabalhar, sem cansaço, pelo bem-estar de toda a equipe.
Podemos pensar na família como uma colméia racional. Cada um tem sua tarefa a cumprir, visando o crescimento da pequena coletividade, como exige o lar. E todos são importantes no desempenho do grupo doméstico. É no seio da família, na intimidade do lar, que se vão descobrir operárias incansáveis, trabalhando sem cessar, não se importando consigo mesmas. Em constante processo de doação. É na família que se aprende a transformar o fel das dificuldades, as amarguras das incompreensões no mel das atenções e do entendimento. É ali que se exercita a cooperação. Afinal, como a família é uma comunidade, há necessidade de ajuda mútua. Quando a família enfrenta as dificuldades com união, cresce e supera problemas considerados insolúveis.  Para que a família progrida no todo, cada um deve se conscientizar de sua tarefa e realizá-la com alegria. É por este motivo que as crianças devem ser incentivadas, desde cedo, a pequenas tarefas no lar. Retirar os pratos da mesa, lavar a louça, aquecer a mamadeira do menorzinho. Renúncia a um pequeno lazer para satisfazer o outro. Nem que seja somente a satisfação da companhia ou de um diálogo amistoso.
Se na colméia familiar reinar o amor, conseguiremos com certeza ter elementos para uma atuação segura, verdadeiramente cristã, junto à família maior, na imensa colméia do mundo. A família é abençoada escola de educação moral e espiritual. É oficina santificante onde se burilam caráteres. É laboratório superior em que se refinam ideais. (AD)
Se alguém não cuida de seus parentes, e especialmente dos de sua própria família, negou a fé e é pior que um descrente. (1 Timóteo 5:8)

NAS ENTRELINHAS

A maior aventura de um ser humano é viajar,
E a maior viagem que alguém pode empreender
É para dentro de si mesmo.
E o modo mais emocionante de realizá-la é ler um livro,
Pois um livro revela que a vida é o maior de todos os livros,
Mas é pouco útil para quem não souber ler nas entrelinhas
E descobrir o que as palavras não disseram...
Augusto Cury

Mas já que se há de escrever,
Que ao menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas.
O melhor ainda não foi escrito... o melhor está nas entrelinhas.
Clarice Lispector

Procuro-me nas entrelinhas de uma frase que ainda vou escrever,
não me acho! Concentro-me nas minhas distrações... e vivo! 
Erikah Azzevedo


Quando aprendemos a ler nas entrelinhas, perdemos a inocência.
Elas revelam mais que as palavras e que as ações... 
Elas nos mostram as verdadeiras intenções.
Sandra Araújo