A ROSA DE HIROSHIMA

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.

Vinícius de Moraes


Refletindo sobre os últimos acontecimentos no Japão, me veio à memória este poema de Vinícius de Moraes, popularizado na voz de Ney Matogrosso. Numa estúpida e desnecessária demonstração do poder bélico estadunidense, o "little boy", nome dado à tal bomba nuclear, foi lançado sobre a cidade de Hiroshima, causando a sua completa destruição. Esse ataque provocou a morte de mais de 250 mil pessoas, além do desenvolvimento de numerosas enfermidades na população (queimaduras, cegueira, surdez, cânceres) e desastres ambientais devastadores (destruição da vegetação, chuvas ácidas, que causaram a contaminação de rios, lagos e plantações).  Da fumaça dessa explosão formou-se uma imagem à semelhança de uma rosa. Fez-se, então, uma controversa poesia do cáos, que marcou a história mundial não só pela destruição de Hiroshima e Nagasaki, mas também pela fibra do povo japonês. Hoje, diante de uma destruição sem precedentes, diria apocalíptica, o Japão sofre novamente os horrores de ver seu povo mais uma vez sujeito às calamidades de terremotos, tsunamis, acidentes nucleares, nunca antes registrados. Diante de tudo isso, nos resta... orar. E se alguma outra forma há, que se estendam as mãos em socorro a esse povo admirável à qual me curvo, solenemente, em respeito a sua honra e dignidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário